contos indígenas

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Elisângela Pimenta

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Leia o texto a seguir para responder às questões de 01 a 10.

As duas bonecas
(Conto de António Sérgio)

Lá longe, na Índia, havia um rei que tinha uma filha. Ora, queria o rei que a sua filha casasse com um homem de muito juízo. "O noivo da minha filha (dizia ele) pode ser fidalgo, valente, bonito e rico - tudo isso será bom; mas mais que tudo, antes e acima de tudo, eu quero que o noivo da minha filha seja um homem de muito juízo, uma pessoa discreta e de muito bom senso."
Um dia, o rei mandou fazer duas bonecas muito bem feitas, do tamanho de pessoas crescidas. Era olhar para elas, e vê-las iguais - mesmo iguaisinhas. As caras das duas eram iguais; os corpos, iguais; os tamanhos, iguais; os vestidos, iguais; - tudo igual. Não se via diferença: mesmo iguaisinhas.
O rei, depois, mandou pôr as duas bonecas à porta do seu palácio. Um arauto avançou por ordem dele, e gritou assim, para que todos ouvissem:
- Olá! Ouçam todos o que eu vou dizer! Ouçam todos, e passem palavra do que vão ouvir! À porta do palácio estão duas bonecas. O homem (quem quer que ele seja) que for capaz de dizer certinho em que é que as bonecas não são iguais - esse casará com a nossa princesa, e virá um dia a ser rei!
A notícia correu de terra em terra, e por toda a parte se dizia o mesmo, - por todas as cidades, por todas as aldeias, por todos os campos. "Casará com a princesa, virá a ser rei, quem for capaz de descobrir em que é que as bonecas não são iguais."
E desde então, de dia e de noite, passava gente de todas as partes - pelas estradas, pelas veredas, pelos caminhos, uns nos seus carros, outros montados, muitos a pé, - para verem na porta as bonecas do rei. Eram monarcas, eram fidalgos, eram pastores, que todos se punham a ver e mirar. Viam em cima, viam em baixo, viam à frente, viam aos lados, viam atrás. Olhavam, fitavam, espreitavam, contemplavam, inspecionavam, examinavam - e nada, nada, nada! Ninguém via diferença alguma. Eram iguais!
- Não sei. Não vejo diferença - diziam todos - parecem-me iguais.
E os cozinheiros, portanto, não tiveram de cozinhar o banquete para o dia do casamento da princesa. Por fim, apareceu numa manhã um homem alegre e muito novo - um jovem - de olhos brilhantes e de gesto calmo, que parecia pensar as coisas bem pensadas, até adivinhar, bem adivinhadas, as adivinhas que lhe propusessem. Ouvira falar do aviso do rei, e queria ver, também ele, as duas bonecas! Colocou-se, pois, adiante das duas, e esteve muito tempo a examiná-las. Não via, também, nenhuma diferença. Os olhos de uma eram iguais aos da outra; iguais as mãos, os braços, os pés, os vestidos. Tudo igual! Saiu o jovem de perto das bonecas. Passeou, pensando, de um lado para o outro. Franziu os sobrolhos. Cruzou as mãos por trás das costas. Fechou os olhos. Inclinou a cabeça...
De repente, lembrou-lhe uma coisa. Foi ver as orelhas das duas bonecas. Viu também as suas bocas. Procurou depois qualquer coisa pelo chão, até que encontrou uma palhinha. Pegou na palhinha, e voltou para as bonecas. Então, meteu a palhinha por dentro do ouvido de uma delas. Foi empurrando, empurrando, empurrando, até que viu sair a outra ponta pela boca da boneca, ao meio dos lábios. Puxou então por essa ponta, e assim tirou a palhinha para fora. Foi depois à outra boneca - a da esquerda -, e meteu-lhe a palha para dentro do ouvido. Empurrou a palha, empurrou, olhando para os lábios dessa mesma boneca. Empurrou mais. Não saía. Empurrou tudo, até ao fim. A palha desapareceu. Tinha caído, certamente, para dentro do corpo. Não havia passagem do ouvido para a boca.
Então, chamou um criado, e disse-lhe assim:
- Faça favor de dizer a rei que lhe peço para lhe falar sobre as bonecas. Já dei com o segredo.
O rei mandou-o entrar. O jovem inclinou-se, cruzou as mãos sobre o peito.
- Pode falar - disse-lhe o rei.
- Meu senhor - começou o jovem - uma das bonecas é melhor que a outra, porque não atira pela boca fora tudo o que lhe entra pelos ouvidos; ao passo que a outra deixa sair pela boca, tudo que pelos ouvidos se lhe meter. Uma não repete, pois, tudo aquilo quanto ouve dizer; a outra é linguareira e indiscreta.
- Ora até que enfim! - declarou o rei - Trataremos de preparar a festa de noivado. Este jovem tem juízo, e há-de casar com minha filha!
E então é que foi trabalho, meus amigos, para os cozinheiros, os alfaiates, os criados, os mordomos, os oficiais, e toda a demais gente do real palácio!
E isso é que foi uma festa, a do casamento da filha do rei!

SÉRGIO, Antônio. Os conselheiros do Califa. Sá da Costa Editora.

Vocabulário:
Arauto: mensageiro do rei.
Mordomo: administrador de um palácio; chefe dos criados de uma grande casa.
Sobrolho: sobrancelha.
Vereda: caminho estreito, atalho.
Linguareira: que solta a língua, que fala demais.
Indiscreto: pessoa que revela abertamente o que deveria ser tratado com reserva ou mantido em segredo.

1. Quem é o autor do texto? (1,5)
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2. Onde aconteceu o fato narrado no texto? (1,5)
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3. Além de ajuizado, que outras duas qualidades deveria ter o noivo? (1,5)
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________4. Transcreva do texto o que dizia o arauto por ordem do rei. (1,5)
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6. “Por fim, apareceu numa manhã um homem alegre e muito novo - um jovem - de olhos brilhantes e de gesto calmo, que parecia pensar as coisas bem pensadas...” O que esse jovem foi fazer no palácio? (1,5)
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7. Depois de examinar as bonecas, qual foi a primeira conclusão do jovem? (1,5)
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8. Transcreva do texto uma frase que indique que estava difícil para o jovem encontrar uma solução para o problema. (1,5)
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9. O jovem concluiu que as bonecas tinham uma grande diferença. Qual era essa diferença? (1,5)
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10. “Ora até que enfim! – declarou o rei - Tratemos de preparar a festa do noivado. Este jovem tem juízo...” Porque concluiu o rei que o jovem tinha juízo? (1,5)
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Aspectos gramaticais
11. Leia a tirinha abaixo para responder as questões que seguem:


a) Quando Calvin pensa “aí vem o furacão...” (1ª quadrinho), a que ele estava se referindo? (4,0)
( ) a uma notícia sobre uma tempestade que ele ouviu na televisão.
( ) ao chapéu que estava usando para se proteger do furacão.
( ) à reação de sua mãe ao ver que ele havia cortado seu cabelo.

b) O pronome isso (3° quadrinho) se refere: (4,0)
( ) ao tigre Haroldo.
( ) ao chapéu que estava em cima da mesa.
( ) a cortar o cabelo.

c) É pronome possessivo: (4,0)
( ) eu. ( ) seu. ( ) isso.

d) O verbo tire (1º quadrinho) indica: (4,0)
( ) uma ordem. ( ) uma probabilidade de algo acontecer. ( ) uma certeza.

e) A palavra mesa é: (4,0)
( ) adjetivo. ( ) substantivo. ( ) verbo.

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