contos indígenas

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Elisângela Pimenta

quinta-feira, 7 de julho de 2011

AVALIAÇÃO PORTUGUÊS

Na caixinha de morar
Daniel Munduruku

Quando chegamos à cidade, o Sol já estava adormecido fazia tempo, mas não dava para ver as estrelas, por causa da luz que havia nas casas e nas ruas. Me deu saudade mais uma vez, mas a sonolência não me permitiu ficar pensando nas coisas da aldeia.
Fomos levados para um lugar que achei bem estranho. Não era apenas uma casa, mas uma espécie de caixa igual a essas que a gente faz para colocar a mandioca depois de ralada.
Esse lugar, que todos chamam de prédio, é estranho porque as pessoas não usam as pernas para subir, mas são carregadas por uma outra caixinha, que sobe e desce o dia todo. Ela é tão pequenina que achei que fosse uma espécie de buraco onde a gente coloca os que morrem Meu pai disse que isso que sobe e desce, carregando pessoas para as caixinhas onde elas moram, se chama elevador.
Quando chegamos à nossa caixa, não encontrei redes de dormir, mas camas bem molinhas e boas de pular em cima. Tinha uma porção de lugares que a gente podia ir quando quisesse, mas com uma única diferença: não havia árvores para a gente brincar ou apanhar frutas. Tudo era esquisito. Lembro que comentei com meu pai que devia ser bem difícil ser criança naquele lugar, pois não tinha lugar para fazer fogo: não tinha rio para nadar, nem para se banhar; apenas urna latinha que jogava água do céu como se fosse chuva e a gente ficava debaixo dela durante um bom tempo.
Comecei a ficar com vontade de voltar para casa.
Fiquei pensando como eles conseguem construir algo tão estranho, tão frio, tão morto. Pensei isso porque a nossa casa é feita com o corpo de nossas irmãs árvores e coberta com os cabelos das palmeiras, nossas parentas. Nossas casas são construídas uma em frente da outra só para a gente poder olhar para os nossos vizinhos, conversar com eles e saber como cada um está. Aqui até parece que uns têm medo dos outros.
O DIÁRIO DE KAXI - um índio descobre o Brasil. São Paulo: Salesiana, 2001, p. 16 – 17

Questão 1.
Qual é o sentido da palavra “bom” no trecho seguinte:
“... não tinha rio para nadar, nem para se banhar, apenas uma latinha que jogava água do céu como se fosse chuva e a gente ficava debaixo dela durante um bom tempo”.
( ) bondoso, benévolo; ( ) misericordioso, caritativo;
( ) competente, eficiente; ( ) longo;
( ) gostoso, saboroso.

Questão 2.
Por que, na aldeia do narrador, era possível ver as estrelas à noite?
Questão 3.
A personagem narradora chegou à cidade só ou acompanhada? Que pista há, no primeiro parágrafo, para sua conclusão?
Questão 4.
Marque o significado da expressão destacada no trecho seguinte:
“Quando chegamos à cidade, o sol já estava adormecido fazia tempo, mas não dava para ver as estrelas, por causa da luz que havia nas casas e nas ruas.”
( ) O sol estava encoberto por nuvens. ( ) Já era noite.
( )Não se via o sol. ( ) Chovia e não havia sol.
Questão 5.
Para o índio, de que uma criança sentiria falta naquele lugar? Justifique sua resposta.
Questão 6.
Qual é o significado da expressão destacada e o que ela sugere?
“Me deu saudade mais uma vez, ...”

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